Aspectos psicológicos da colaboração premiada: contribuições de estudos norte-americanos

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Palavras-chave:

Colaboração premiada, Delação premiada, Confissão, Sugestionabilidade, Entrevista investigativa

Resumo

O presente artigo, realizado por meio de uma revisão bibliográfica de estudos norte-americanos sobre plea bargain, teve por objetivo explorar os aspectos psicológicos envolvidos no acordo de colaboração premiada. A validade desse acordo depende da decisão voluntária do colaborador. No entanto, pesquisas americanas mostram que não são raros os casos em que pessoas inocentes aceitam acordos com a Promotoria e se declaram culpados por crimes que não cometeram. Em relação aos motivos que levam essas pessoas a aceitarem os acordos, está o fato de se concentrarem nos ganhos de curto prazo que um acordo proporciona, como sair da prisão ou ter uma pena mais branda. Além disso, a pressão do Promotor aparece, nessas pesquisas, como um dos fatores mais citados pelos indivíduos sobre suas razões para aceitar um acordo judicial. A pressão inclui a ameaça de acusação por outros crimes, a informação de que a punição poderia ser mais severa e reprimendas pela não aceitação das vezes anteriores em que o acordo foi oferecido. As pesquisas mostram que os indivíduos que se encontram detidos têm 2,5 vezes mais chances de se declarar culpados do que aqueles que estão soltos. O estudo também analisou diversas técnicas de interrogatório persuasivas que devem ser analisadas caso a caso, garantido-se ao colaborador a realização de uma perícia psicológica sobre seu interrogatório para a identificação de eventuais práticas dessa natureza.

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Biografia do Autor

Graziella Ambrosio, Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB)

Possui Graduação em Direito pela Universidade Estadual Paulista (2001), Especialização em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2007), Mestrado em Direito das Relações Sociais, Subárea Direito do Trabalho, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2011), Graduação em Psicologia pela Universidade Paulista (2017) e Doutorado em Psicologia do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2019). Trabalha como Gerente Jurídica na Assessoria Jurídica do Banco do Brasil S.A. em São Paulo (SP). É educadora na Universidade Corporativa Banco do Brasil (UniBB) e instrutora da ENAMAT (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho)

Link para o currículo LATTES: http://lattes.cnpq.br/2200144516016598

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Publicado

2022-02-10

Como Citar

Ambrosio, G. . (2022). Aspectos psicológicos da colaboração premiada: contribuições de estudos norte-americanos. Revista Brasileira De Ciências Criminais, 187(187), 259–282. Recuperado de https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/60

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