Imputabilidade como elemento da culpabilidade?

Agir comunicativo e teoria do delito

Visualizações: 56

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10515932%20

Palavras-chave:

Teoria do delito, Imputabilidade, Realocação, Pressuposto de ação penal comunicativa, Política criminal minimalista

Resumo

O presente trabalho visa questionar, no âmbito da teoria do delito, a alocação da imputabilidade na categoria dogmática da culpabilidade. Assim, após exposição da racionalização da imputabilidade desde o século XIX até os dias atuais, em que se suscitam as construções teóricas dos expoentes mais representativos de cada geração, propor-se-á a reestruturação da análise do instituto para a fase anterior à análise do injusto, como condição ou pressuposto de ação penalmente relevante. Com efeito, tal realocação se mostra compatível com e adequada à recente teoria do agir comunicativo aplicada à teoria do delito. Ao final do artigo, serão aventadas algumas possíveis objeções ao tratamento da imputabilidade como pressuposto da ação penal comunicativa, as quais serão uma a uma enfrentadas e combatidas. Sustenta-se, enfim, que o rearranjo ora sustentado, atendendo aos preceitos da política criminal minimalista, tem aptidão para diminuir o espectro de intervenção do Direito Penal e, consequentemente, reduzir a carga de violência existente na sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Prof. Dr. Alexis Couto de Brito , Universidade Presbiteriana Mackenzie - MACKENZIE - Sao Paulo/SP

Doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo - USP. É pós-doutor pela Universidade de Coimbra (Portugal) e pela Universidad de Salmanca (Espanha). Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Pós-graduado em Direito pela Universidade Castilla-La Macha de Toledo (Espanha). Professor. Lattes CV: http://lattes.cnpq.br/9424442556070110

Me. Jairlton Ferraz Junior, University of Westminster - Westminster - Inglaterra

Doutorando em Criminologia pela Universidade de Westminster (Londres, Reino Unido). Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - com bolsa pela CAPES (PROSUC). Pós-Graduado em Criminologia e Direito Penal pelo Instituto de Criminologia e Política Criminal (ICPC). Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor. Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/8754552868868464

Referências

AGOZINO, Biko. Humanifesto of the decolonization of criminology and justice. Decolonization of Criminology and Justice 1(1), 5-28, 2019. DOI: https://doi.org/10.24135/dcj.v1i1.5.

ALIVERTI, Ana et al. Decolonizing the criminal question. Punishment & Society 0(0), 1–20, 2021. DOI: 10.1177/14624745211020585.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Pelas mãos da criminologia: o controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan/Instituto Carioca de Criminologia, 2012.

ARCE AGGEO, Miguel Ángel. Introducción a la teoría comunicativa del delito. Buenos Aires: Universidad, 2006.

BACIGALUPO, Enrique. Derecho Penal: parte general. 2ª ed. Buenos Aires: Hamurabi, 1999.

BATISTA, Vera Malaguti. O Realismo Marginal: criminologia, sociologia e história na periferia do capitalismo. In: MELLO, Marcelo et al. Sociologia e Direito: Explorando Interseções. Niterói: PPGSD/UFF, 2007.

BATISTA, Vera Malaguti. A questão criminal no Brasil contemporâneo. In: 2o Fórum Nacional de Alternativas Penais: Audiências de Custódia e a Desconstrução da Cultura do Encarceramento em Massa. Salvador/BA, 2016 (publicação comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo em ocasião da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva).

BINDER, Julius. Grundlegung zur Rechtsphilosophie. Hamburg: Severus, 2013.

BINDING, Karl, Die Normen und ihre Übertretung, 1ª ed., 1872.

BINDING, Karl. Die Normen und ihre Übertretung, 2ª ed., 1914.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral. Vol. 1. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

BRITO, Alexis Couto de. Culpabilidade: evolução e análise crítica atual. In: BRITO, Alexis Couto de; VANZOLINI, Maria Patrícia (Coords.). Direito Penal: aspectos jurídicos controvertidos. São Paulo: Quartier Latin, 2006.

BUSTOS RAMÍREZ, Juan J.; HORMAZÁBAL MALARÉE, Hernán. Lecciones de Derecho Penal. Madrid: Trotta, 1997.

CARRINGTON, Kerry et al (Eds.). The Palgrave Handbook of Criminology and the Global South. Switzerland: Palgrave Macmillan, 2018.

CARRINGTON, Kerry et al. Southern Criminology. London: Routledge, 2019.

CARVALHO, Salo de. Criminologia Crítica: Dimensões, Significados e Perspectivas Atuais. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 104. São Paulo, 2013.

CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia Crítica do Século XXI como Criminologia dos Direitos Humanos. 14º Seminário Internacional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, São Paulo, 2008.

DAL SANTO, Luiz Phelipe & FERRAZ JUNIOR, Jairton. Necropolítica e sistema penal brasileiro: genocídio institucionalizado contra negros. In: ALMEIDA, Bruno Rotta et al (Orgs.). Saúde e Mortalidade no Sistema Penal, Vol. 1. São Paulo : Tirant lo Blanch, 2023.

DARKE, Sacha & KHAN, Omar. Coloniality, just war & carceral injustice in Brazil. Punishment & Society 0(0), Special Issue: Legacies of Empire, 1-18, 2021. DOI: 10.1177/14624745211041849.

DIETER, Maurício S. Sistema econômico e tutela penal do escravo no brasil imperial. Discursos Sediciosos 17(19/20): 613–647, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Jairton. Teoria dos elementos negativos do tipo: um modelo dogmático de contração do direito penal. In: BRITO, Alexis Couto de (Org.). Caderno de Ciências Penais: reflexões sobre as teorias da antijuridicidade. São Paulo: Plêiade, 2019.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 28ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução: Raquel Ramalhete. 42ª ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2014.

FRANK, Reinhard. Über den Aufbau des Schuldbegriffs. Giessen: Alfred Töpelmann, 1907.

GRAF ZU DOHNA, Alexander. Zur Systematik der Lehre vom Verbrechen, in: ZStW 27, 1907.

GRECO, Luís. Dolo sem vontade. In: Silva Dias et ali (coords), Liber Amicorum de José de Sousa e Brito. Coimbra: Almedina, 2009.

HABERMAS, Jürgen. Vorstudien und Ergänzungen zur Theorie des kommunikativen Handelns. Frankfurt AM: Suhrkamp, 1989.

JESCHECK, Hans-Heinrich. Lehrbuch des Strafrechts. 2. Ed., 1972.

JESCHECK, Hans-Heinrich. Lehrbuch des Strafrechts. 3. Ed. Algemeiner Teil, 1996.

JOSHI JUBERT. Algunas consecuencias que la inimputabilidad puede tener para la antijuridicidad. ADPCP, 1989.

KAUFMANN, Armin. Teoria da norma jurídica. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976.

KINDHÄUSER, Urs. Strafrecht. Algemeiner Teil. Baden-Baden, Nomos, 2005.

KÜHL, Kristian. Strafrecht. Algemeiner Teil. 5ª ed. Munique: Vahlen, 2005.

LESCH, Der Verbrechensbegriff: Grundlinien einer funktionalen Revision, 1999.

LISZT, Franz von. Das deutsche Reichsstrafrecht. Berlin, 1881.

LISZT, Franz von; SCHMIDT, Eberhard. Lehrbuch des Deutschen Strafrechts. Berlim: De Gruyter, 1932.

MARTÍNEZ GARAY, Lucía. Incidencia de los trastornos mentales en categoría dogmáticas distintas de la imputabilidad: supuestos problemáticos entre la exclusión del injusto y la exclusión de la culpabilidad. In: CARBONELL MATEU, Juan Carlos (dir.); MARTÍNEZ GARAY, Lucía (coord.). La justificación penal: balance y perspectivas. Valencia: Tirant lo Blanch, 2008.

MERKEL, Adolf. Lehrbuch des Deutschen Strafrechts, 1889.

MEZGER, Edmund. Strafrecht. Munique: Dunkler & Humblot, 1949.

MEZGER, Edmund. Ein Studienbuch. 9. ed. Munique: Beck, 1966.

MILITELLO, Vincenzo. O erro do inimputável entre exegese, dogmática e política criminal. In: Anuario da facultade de dereito: Universidade A Coruña, vol. 3, 1999.

MIR PUIG, Santiago. Derecho Penal: parte general. 5ª ed. Barcelona: Reppertor, 1998.

MUÑOZ CONDE, Francisco; GARCÍA ARÁN, Mercedes. Derecho Penal: parte general. 6ª ed. Valencia: Tirant lo Blanch, 2004.

PORCIÚNCULA, José Carlos. Imputabilidade, Ação e Dolo. In: BUSATO, Paulo César (Org.). A Linguagem do Direito Penal - anais do 1º congresso ibero-americano de direito penal e filosofia da linguagem em Curitiba-PR. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2018.

PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal. 11ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.

QUEIROZ, Paulo. Curso de Direito Penal: parte geral. Vol. 1. 11ª ed. Salvador: Jus Podium, 2015.

QUIJANO, Aníbal. Coloniality of power, eurocentrism, and Latin America. Ne p a n t la: Views from S o u t h 1.3, 533-580, Duke University Press, 2000.

RAGUÉS Y VALLÉS. Dolo y Prueba. El Dolo y su Prueba en proceso penal. Barcelona: Bosch, 1999.

REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de Direito Penal. Parte Geral. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

RENZIKOWSKI, Joachim. Direito Penal e Teoria das Normas. Tradução: Alaor Leite, Adriano Teixeira e Augusto Assis. Madri-Barcelona-Buenos Aires-São Paulo: Marcial Pons, 2017.

ROXIN, Claus. Política Criminal e Sistema Jurídico-Penal. Tradução: Luís Greco. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.

ROXIN, Claus. Täterschaft und Tatherrschaft. Berlim: De Gruyter, 2006.

SERRANO BUTRAGUEÑO, Ignacio. Comentario al art. 20 CP. In: SERRANO BUTRAGUEÑO, Ignacio (coord.). Código Penal de 1995. Granada: Comares, 1999.

SILVA SÁNCHEZ, Jesús-María. ¿Adiós a un concepto unitario de injusto en la teoría del delito? A la vez, una breve contribución a la teoría de las medidas de seguridad. . Indret, 2014.

SILVA SÁNCHEZ, Jesús-María. ¿Directivas de conducta o expectativas institucionalizadas? Aspectos de la discusión actual sobre la teoría de las normas. In: Normas y acciones en Derecho penal. Buenos Aires: Hammurabi, 2003

SUPER, Gail. Porous Penality and the Myth of Liberal Punishment: Lessons from South Africa. The British Journal of Criminology, azad017, 2023, https://doi.org/10.1093/bjc/azad017.

TAVARES, Juarez. Fundamentos de Teoria do Delito. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2018.

VIVES ANTÓN, Tomás. Fundamentos del Sistema Penal. 2. ed. Valencia: Tirant lo Blanch, 2011.

WELZEL, Hans. Das deutsche Strafrecht. 11. ed. Berlin: De Gruyter, 1969.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Criminología: aproximación desde um margen. Bogotá: Temis, 1988

Downloads

Publicado

2024-06-18

Como Citar

Couto de Brito, A., & Ferraz Junior, J. (2024). Imputabilidade como elemento da culpabilidade? : Agir comunicativo e teoria do delito. Revista Brasileira De Ciências Criminais, 201(201), 17–54. https://doi.org/10.5281/zenodo.10515932

Métricas