Organizações criminosas e colaboração premiada:

uma análise sobre o controle judicial previsto na Lei e as alterações da Lei 12,850/2013 13,964/2019 (Pacote Anticrime)

Views: 116

Authors

  • Me. Anna Carolina Canestraro Universidade de Coimbra

Keywords:

Colaboração Premiada, Organização Criminosa, Controle Judicial, Justiça Negociada, Lei 12.850/2013

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo analisar a participação e o controle exercido pelos juízes e tribunais no âmbito dos acordos de colaboração premiada, destacando-se, em especial, os cenários que levaram às alterações apresentadas pela Lei 12.850/2013, o conhecido “Pacote Anticrime”. Para tanto, após necessária análise quanto à importância do instituto da colaboração frente ao fenômeno singular da organização criminosa, será trabalhado o cenário processual em que se encontrava o instituto e seu controle judicial a partir da Lei 12.850/2013 e que possibilitou os abusos e inseguranças presenciados nos então acordos celebrados na Operação Lava-Jato. Feita tal análise e estudados os reflexos deste primeiro cenário processual, buscar-se-á então conduzir análise a partir das alterações provenientes da Lei 13.964/2019, buscando-se verificar se seriam estas suficientes para evitar a repetição do cenário outrora criticado e, tal como formuladas, conduzem a um necessário e efetivo controle judicial sem, todavia, ir de encontro com as próprias premissas da justiça negociada.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Me. Anna Carolina Canestraro, Universidade de Coimbra

Doutoranda em Direito Processual Penal pela Universidade de São Paulo – USP. Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra (2018), com período de investigação financiado pelo programa “ERASMUS+” na Georg-August-Universität Göttingen. Especialista em Direito Penal Econômico e Teoria do Delito, pela Universidad de Castilla-La Mancha (2019). Especialista em Compliance e Direito Penal pelo Instituto de Direito Penal Económico e Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (2016). Pós-Graduada em Direito Processual Penal pelo Instituto de Direito Penal Económico e Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (IDPEE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) (2016). Graduada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2015). Advogada.  

References

BADARÓ, Gustavo. Procedimento de colaboração premiada na prática. In: EMAGIS TRF4. Curso sobre colaboração premiada e acordo de leniência. Out./2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cw3HVXsicgE>. Acesso em: 23 mai. 2021.

BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020.

BOTTINI, Pierpaolo Cruz; ARAS, Vladimir. Reflexões sobre a homologação do acordo de colaboração premiada. In: WALMSLEY, Andréa; CIRENO, Lígia; BARBOZA, Márcia Noll. (Coord. e Org.). Inovações da Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Brasília: MPF, 2020. p. 226-231.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 16 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013: Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>. Acesso em: 04 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019: aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13964.htm>. Acesso em: 04 jun. 2021

BRASIL. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990: Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm>. Acesso em: 03 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999: estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9807.htm>. Acesso em: 16 jun. 2021.

CAVALCANTE, Waldek Fachinelli. Crime organizado: da prevenção da criminalidade organizada. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências Policiais) - Instituto Superior De Ciências Policiais e Segurança Interna. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/28462/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Waldeck%20Cavalcante%20vers%c3%a3o%20final%20pdf.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2021.

CORDEIRO, Néfi. Homologação da colaboração premiada e atuação judicial. In: EMAGIS TRF4. Curso sobre colaboração premiada e acordo de leniência. Out./2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gr2QM-55Fts>. Acesso em: 06 jun. 2021.

DIAS, Jorge de Figueiredo. A criminalidade organizada: do fenômeno ao conceito jurídico. Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 71, v. 16, 2008, p. 11-30.

DIAS, Jorge de Figueiredo. Acordos sobre a sentença em processo penal. O “fim” do Estado de direito ou um novo “princípio”? Coimbra: Coimbra Editora, 2011.

EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS. Case of Natsvlishvili and Togonidze v. Georgia (Application no. 9043/05). 29 de abril de 2014. Disponível em: <http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2016/03/NATSVLISHVILI-e-TOGONIDZE-vs-GEORGIA-2014.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2021.

GARZON, Luis Orlando Toro; RUA, Monica Maria Bustamante. La investigación y la prueba de contexto como elementos de politica criminal para la persecución del crimen organizado. Revista Criminalidad. Vol. 62, 1, enero/abril, 2020, p. 101-115.

LANGER, Máximo. Plea bargaining, trial-avoiding conviction mechanisms, and the global administratization of criminal convictions. Annual Review of Criminology, 2019. DOI: 10.1146/annurev-criminol-032317-092255

MENDONÇA, Andrey B. Os benefícios possíveis na colaboração premiada: entre a legalidade e a autonomia da vontade. In: MOURA, Maria Thereza de Assis; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. (Coord.). Colaboração premiada. São Paulo: RT, 2017. Versão ebook. Não paginado. Capítulo 3.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Caso Lava Jato: resultados. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/lava-jato/resultados>. Acesso em: 12 jun. 2021.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Orientação Conjunta nº 1/2018 Acordos De Colaboração Premiada. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr5/orientacoes/orientacao-conjunta-no-1-2018.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2021.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Termo de Colaboração Premiada de Alberto Youssef, celebrado em 24 de setembro de 2014. Cláusula 5ª, VI, §1º. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/01/acordodela%C3%A7%C3%A3oyoussef.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2021.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Termo de Colaboração Premiada de Paulo Roberto Costa, celebrado em 27 de agosto de 2014. Cláusula 5ª, I, a. Disponível em: <https://s.conjur.com.br/dl/acordo-delacao-premiada-paulo-roberto.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2021.

PAOLI, Letizia; FIJNAUT, Cyrille. The history of the concept. In. FIJNAUT, Cyrille; PAOLI, Letizia. Organised crime in Europe. Concepts, patterns and control policies in the European Union and beyond. Springer, 2004, p. 21-46.

SILVEIRA, Fabiano Augusto Martins. O papel do juiz na homologação do acordo de colaboração premiada. Revista de Estudos Criminais, v. 17, n. 71, p. 107–136, 2018.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Habeas Corpus 127.483/PR. Relator: Min. Dias Toffoli. j. 27.08.2015. DJE 04/02/2016. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4747946>. Acesso em: 14 jun. 2021.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pet. 8482. Relator: Min. Edson Fachin. J. 29.05.2021. DJE. 04.06.2021. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/arquivos/2021/5/141A16C8E89D92_fachin_Pet8482.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2021.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pet: 5209/DF. Relator: Min. Teori Zavascki, j.29.09.2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/teori-homologa-delacao-paulo-roberto.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2021.

SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Tradução Clécio Lemos. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia / Revan, 2015.

VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Colaboração premiada e negociação na justiça criminal brasileira: acordos para aplicação de sanção penal consentida pelo réu no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 166, ano 28, p. 241-271. São Paulo: Editora RT, abril, 2020.

ZILLI, Marcos Alexandre Coelho. A colaboração premiada nos trópicos. Autonomia das partes e o imperativo do controle judicial: leituras sobre a Lei 12.850/13 à luz da eficiência e do garantismo. In: CUNHA FILHO, Alexandre J Carneiro; ARAÚJO, Glaucio Roberto Brittes de; LIVIANU, Roberto; PASCOLATI JUNIOR, Ulisses Augusto. (Coord.). 48 visões sobre a corrupção. São Paulo: Quartier Latin, 2016. p.855-873.

ZILLI, Marcos Alexandre Coelho. O acordo de colaboração premiada como negócio jurídico processual. O controle judicial em face dos operadores-legisladores. In: AMBOS, Kai; ZILLI, Marcos; MENDES, Paulo de Sousa. (Org.). Colaboração Premiada: perspectiva comparada. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020. p.46-84.

ZILLI, Marcos Alexandre Coelho. Transplantes, traduções e Cavalos de Troia. O papel do juiz no acordo de colaboração premiada. Leituras à luz da Operação Lava Jato. In: AMBOS, Kai; ZILLI, Marcos; MENDES, Paulo de Sousa. (Coord.) Corrupção: Ensaios sobre a Operação Lava Jato. São Paulo: Marcial Pons; CEDPAL, 2019. p.93-132.

Published

2024-06-27

How to Cite

Canestraro, M. A. C. (2024). Organizações criminosas e colaboração premiada: : uma análise sobre o controle judicial previsto na Lei e as alterações da Lei 12,850/2013 13,964/2019 (Pacote Anticrime). Brazilian Journal of Criminal Science, 194(194), 133–154. Retrieved from https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/3

Metrics