O papel do Ministério Público no fenômeno do encarceramento em massa no Brasil

Views: 148

Authors

  • Dr. André Carneiro Leão Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife/PE

Keywords:

Mass incarceration, Punitivism, Prosecution Office

Abstract

This study seeks to investigate the role of the Brazilian Prosecution Office in the permanence of the phenomenon of mass incarceration in the country. The hypothesis is that the profile of Prosecution Office members contributes to the maintenance of a punitive institutional culture that reinforces incarceration measures in everyday practice. The research is justified because the Public Ministry has been an important player in the design and execution of criminal policy, but studies on the topic of mass incarceration more often than not emphasize the role of the Judiciary. To analyze the phenomenon, critical criminology concepts and secondary data from empirical research carried out in the country were used. Initially, the phenomenon of mass incarceration is described as the result of a criminal policy that invests in the massive incarceration, in a short space of time, of people who are part of a certain social group targeted by historical processes of racial exclusion. Next, the profile of the members of the Public Ministry in Brazil is presented and the institutional alignment with the expansion policies of the punitive system is identified. At the end, the concrete reflexes of this profile in the daily activity of the processes that produce incarceration are indicated.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Dr. André Carneiro Leão, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife/PE

Doutor em Direito pela UFPE. Professor da Faculdade Damas.

Defensor Público Federal. Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/4199409480089535

References

ABROMOVAY, Pedro Vieira; BATISTA, Vera Malaguti (org.). Depois do grande encarceramento. Rio de Janeiro: Revan, 2010.

ADORNO, Sergio. Crime, justiça penal e desigualdade jurídica: as mortes que se contam no tribunal do júri, Revista da Universidade de São Paulo, ano 2, ed. 3, p. 134-155, jul/ago 1993, p. 136

ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São Paulo: Boitempo, 2017, p. 50.

ALMEIDA, Frederico Normanha Ribeiro de. Nobreza togada: as elites jurídicas e a política da justiça no Brasil. Tese de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015, p. 304.

ARANTES, Rogerio Bastos. Ministério Público e Política no Brasil. São Paulo: Sumare, 2002.

AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Perfil socioprofissional e concepções de política criminal do Ministério Público Federal. Brasília: Escola Superior do Ministério Público da União, 2010, p. 43

AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli; WEINGARTNER NETO, Jayme. Perfil socioprofissional e concepções de política criminal. In: Anais do VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra: CES, 2004, p. 15-16. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/lab2004/inscricao/pdfs/painel36/Rodrigo Azevedo_JaymeNeto.pdf Ultimo acesso em 14 set. 2009.

BATISTA, Nilo. Novas tendências do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2004, p. 105.

BATISTA, Vera Malaguti. Depois do grande encarceramento. In: ABROMOVAY, Pedro; BATISTA, Vera Malaguti (orgs.). Depois do grande encarceramento. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 29

BECKETT, Katherine; WESTERN, Bruce. Governing social marginality: Welfare, incarceration, and the transformation of state policy. In: GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001, p. 35.

BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa? Belo Horizonte: Letramento, 2018, p.54.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Censo do Poder Judiciário. Brasília: CNJ, 2014, p. 33-51

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.892/SC. Art. 104 da Constituição do Estado de Santa Catarina. Lei Complementar Estadual 155/1997. Reque-rente: Associação Nacional dos Defensores Pública da União (ANDPU). Relator: Min. Joaquim Barbosa, 14 de março de 2012b. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2822228. Acesso em: 2 nov. 2019

CARVALHO, Amilton Bueno de. Direito penal a marteladas: algo sobre Nietzsche e o Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

CARVALHO, Salo de. O papel dos atores do sistema penal na era do punitivismo (o exemplo privilegiado da aplicação da pena). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia da libertação. Rio de Janeiro: Revan, 2005, p. 128.

COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios gerais do processo penal brasileiro. Revista da Faculdade de Direito da UFPR, Curitiba, n. 30, p. 1998, p. 163-198.

DEL SANTO, Luiz Phelipe. Cumprindo pena no Brasil: encarceramento em massa, prisão-depósito e os limites das teorias sobre giro punitivo na realidade periférica. Revista Brasileira de Ciências Criminais, 27, 151: 291-315, 2019.DUARTE, Evandro Charles Piza. Criminologia e Racismo: introdução à criminologia brasileira. Curitiba: Juruá, 2011.

FLAUZINA, Ana Luíza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do estado brasileiro. Dissertação de mestrado. Brasília: UnB, 2006.

FREITAS, Felipe da Silva. Novas perguntas para a criminologia brasileira: poder, racismo e direito no centro da roda. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, [S.l.], n. 238, p. 488-499, dez. 2016.

GARLAND, David. Introduction: the meaning of mass imprisonment. In: GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001, p. 1-2.

GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Autoritarismo e processo penal: uma genealogia das ideias autoritárias no processo penal brasileiro. Florianópolis: Tirant Lo Blanch, 2018.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: HENRIQUES, Ricardo (org.). Educação anti-racista: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03. Brasília: SECAD/MEC, 2005, p. 41.

LEMGRUBER, Julita et al. Ministério Público: guardião da democracia brasileira?. Rio de Janeiro: UCAM, 2016, p. 15-19.

LICHSTENSTEIN, Alex. The private and the public in penal history: a commentary on Zimring and Tonry. GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001, p. 173-175.

LIMA, Flávia Santiago; LAMENHA, Bruno. Quem defende a sociedade? Trajetórias e competição institucional em torno da tutela Coletiva entre o Ministério Público e a Defensoria no Pós-1988, Joaçaba, v. 22, n. 1, p. 73-104, jan./jun. 2021.

MACHADO, Érica Babini L. do Amaral (ed.). Dossiê Especial – Encarceramento em massa. Revista Brasileira de Ciências Criminais. v. 129/2017, p. 321-348, mar. 2017.

MAUER, Marc. The causes and consequences of prison growth in the United States. In: GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001.

MARONA, Marjorie; KERCHE, Fabio. A política no banco dos réus: a Operação Lava Jato e a erosão da democracia no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.MARQUES, Leonardo Augusto Marinho; BARROS, Vinícius Diniz Monteiro de. Acusação pública no estado de exceção. In: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda; PAULA, Leonardo Costa de; SILVEIRA, Marco Aurélio Nunes da. [orgs.]. Mentalidade inquisitória e processo penal no Brasil: escritos em homenagem ao Prof. Dr. Jacinto Nelson de Miranda Coutinho. V. 5. Curitiba: Observatório da Mentalidade Inquisitória, 2019.

MBEMBE, Achille. Políticas da inimizada. Lisboa: Antígona, 2017, p.116-117.

MINHOTO, Laurindo Dias. Encarceramento em massa, racketeering de estado e racionalidade neoliberal. Lua Nova, São Paulo, 109: 161-191, 2020.

OLIVEIRA, Luciano. Não fale do Código de Hamurábi: a pesquisa sociojurídica na pós-graduação em Direito. In: OLIVEIRA, Luciano. Sua Excelência o Comissário e outros ensaios de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004.

ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolage de significantes. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 281.

SADEK, Maria Tereza (coord.). Pesquisa AMB 2006 – a palavra está com você: resultados. Brasília: AMB, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2010.

SIMON, Jonathan. Fear and loathing in late modernity: reflections on the cultural sources of mass imprisonment in the United States. In: GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001.

SOZZO, Máximo. Más allá de la ‘tesis de la penalidad neoliberal? Giro punitivo y cambio político en America del Sur. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Vol. 129/2017, p. 321-348, mar. 2017.

VIANNA, Luiz Wernneck et al.. Corpo e alma da magistratura brasileira. Rio de Janeiro: Revan, 1997, p. 60-135.

VIEGAs, Rafael Rodrigues et al. O espaço formal de ação do Ministério Público entre 1989 e 2016: mudanças incrementais e ativação estratégica. Revista de Direito Público, Brasília, Volume 19, n. 101, 428-449, jan./mar. 2022.

WACQUANT, Loïc. Deadly symbiosis: when ghetto and prison meet and mesh. In: GARLAND, David (ed.). Mass Imprisonment: social causes and consequences. Londres: SAGE, 2001

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. 5ª ed. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

ZÉ BROWN; TIGER; GARNIZÉ; ONI; MASSACRE. Homens Fardados. In: Faces do Subúrbio. Recife: Independente, 1997. 1 CD. Faixa 7.

Published

2024-06-27

How to Cite

Carneiro Leão, D. A. . (2024). O papel do Ministério Público no fenômeno do encarceramento em massa no Brasil. Brazilian Journal of Criminal Science, 194(194), 271–298. Retrieved from https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/370

Metrics