Entrevista com Jock Young (in Memorian)

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Autores

  • Dr. Salah Hassan Khaled Junior Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Palavras-chave:

Desvio, Significado, Criminologia, Criminologia Crítica, Realismo de Esqueda, Criminologia Cultural

Resumo

William Stewart 'Jock' Young faleceu em 16 de novembro de 2013 em Nova York.  Sua carreira acadêmica iniciou com a conquista de uma vaga na University College London para estudar bioquímica, mas um encontro casual com o criminologista radical Steve Box o convenceu a mudar para a sociologia. Em 1962 matriculou-se na London School of Economics, onde se inspirou nos novos desenvolvimentos da sociologia americana. Igualmente significativa foi a revolução contracultural que ocorreu fora da universidade; e foi isso que inspirou Jock a cofundar a primeira National Deviancy Conference (NDC) em 1968. Declaradamente anti-institucional e altamente crítica da criminologia ortodoxa, a NDC instigou uma série de conferências interdisciplinares de uma década com base em pesquisas emergentes. Na NDC, em 1968, Jock apresentou seu primeiro trabalho, The Role of Police as Amplifiers of Deviancy, que serviu de base para o seminal The Drugtakers (1971), um estudo inovador da contracultura boêmia na Notting Hill dos anos 1960. Este texto, juntamente com Folk Devils and Moral Panics (1972), de autoria de seu grande amigo Stanley Cohen, introduziu o conceito de "pânico moral", um dos poucos conceitos criminológicos a serem adotados para uso geral fora do meio acadêmico. Igualmente influente foi o próximo trabalho de Jock, The New Criminology (1973, em coautoria com Paul Walton e Ian Taylor), que infundiu a criminologia com uma agenda marcadamente crítica.

Jock era um dos vários graduados radicais da LSE que haviam fugido para a Middlesex Polytechnic (agora Middlesex University), onde o departamento de ciências sociais era um viveiro de pensamento radical e socialista. Logo depois de chegar, ele montou um dos primeiros programas de mestrado em criminologia na Grã-Bretanha. Na década de 1980 dirigiu o Centro de Criminologia em Middlesex. Durante esse período, Jock lançou as bases para uma criminologia "realista" engajada. Na década de 1980, ele conduziu pesquisas sobre vítimas de crimes em vários bairros de Londres e atuou como consultor formal da Autoridade de Polícia Metropolitana.

Nos últimos anos de carreira, sua trajetória acadêmica em sociologia e criminologia convergiu para os contornos emergentes da abordagem teórica, metodológica e intervencionista conhecida como criminologia cultural, como pode ser visto em principalmente em ‘Merton with energy, Katz with structure: The sociology of vindictiveness and the criminology of transgression’ (2003), ‘The Vertigo of Late Modernity’ (2007) e ‘The Criminological Imagination’ (2011) e na colaboração com Keith Hayward, “Cultural criminology, some notes on the script” (2004), um movimento que já era visível em ‘The Exclusive Society: Crime and Difference in Late Modernity’ (1999).

 

René van Swaaningen entrevistou Jock em 2011 para a revista holandesa de Criminologia Cultural e gentilmente cedeu os direitos de publicação desta entrevista para o dossiê de Criminologia Cultural da Revista Brasileira de Ciências Criminais. A entrevista abrange muitos elementos de sua enorme herança para o campo da criminologia.

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Biografia do Autor

Dr. Salah Hassan Khaled Junior, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

É doutor e mestre em Ciências Criminais (PUCRS), mestre em História (UFRGS) e especialista em História do Brasil (FAPA). Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais (PUCRS) e graduação em História (FAPA). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, ministrando as disciplinas de Direito Penal I, Criminologia, Sistemas Processuais Penais e História das Ideias Jurídicas. É professor permanente do PPG em Direito e Justiça Social - Mestrado da Universidade Federal do Rio Grande - FURG e ministra a disciplina Justiça Social e Sistema Penal. Tem pesquisado nos seguintes temas; Verdade, epistemologia e processo penal; subculturas, resistência e reação social; Fenomenologia da violência, primeiro plano do crime e ação-limítrofe; Pânico moral, criminalização da cultura e de movimentos sociais; Meios de comunicação e representação mediada da criminalidade; Crime, modernidade tardia e capitalismo global; Criminologia Cultural, guerra e terrorismo; Crime, cultura de consumo e comodificação da transgressão; Criminologia Cultural e estudos urbanos; Metodologias da Criminologia Cultural; Criminologia Cultural e estudos étnico-raciais; Criminologia Cultural e feminismos; Criminologia cultural, teorias queer e estudos de gênero; Criminologia Cultural e Criminologia Verde; Intersecções entre a Criminologia Cultural e a justiça social; Criminologia Cultural e Política Criminal; Inserção da Criminologia Cultural no campo teórico criminológico; Estudos psicanalíticos, violência urbana e psicologia social; Criminologia Cultural, transdisciplinaridade e arte; Criminologia Cultural e interdisciplinaridade; Hermenêutica decolonial e realismo marginal; Questões étnico-raciais, identitárias e narrativa nacional. É líder do grupo de pesquisa Hermenêutica e Ciências Criminais (FURG/CNPq) e autor dos livros "A Busca da Verdade no Processo Penal: Para Além da Ambição Inquisitorial" (Atlas/Letramento), "Videogame e violência: cruzadas morais contra os jogos eletrônicos no Brasil e no mundo" (Grupo Editorial Record/Civilização Brasileira), "Explorando a criminologia cultural" juntamente com Jeff Ferrell, Keith Hayward e Álvaro Oxley da Rocha (Letramento) e tradutor de" Criminologia cultural: um convite", de Ferrell, Hayward e Young. Autor de dezenas de livros de Direito Penal, Processual Penal, Criminologia e História, bem como de dezenas de artigos publicados em revistas científicas e capítulos de livros. Suas pesquisas foram retratadas em veículos de mídia como Estadão, IstoÉ, O Globo, Galileu e Revista Quatro Cinco Um. Participou na condição de especialista em audiências públicas na Câmara dos Deputados sobre o NCPP e sobre a relação entre mídia e violência e palestrou nos mais importantes eventos de Ciências Criminais do país, como o Seminário Internacional de Ciências Criminais (IBBCRIM) e o Congresso Internacional de Ciências Criminais (PUCRS). É fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural.

Referências

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Publicado

2024-06-27

Como Citar

Hassan Khaled Junior, D. S. . (2024). Entrevista com Jock Young (in Memorian). Revista Brasileira De Ciências Criminais, 193(193), 269–278. Recuperado de https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/219

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