Justiça restaurativa e psicanálise

O sujeito do inconsciente em grupos de homens acusados de violência contra mulheres

Views: 110

Authors

  • Paulo Ferrareze Filho USP
  • n Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
  • Nelson da Silva Junior Universidade de São Paulo

Keywords:

Clínica psicanalítica, Grupos reflexivos de homens, Justiça restaurativa, Psicanálise, Violência contra mulheres

Abstract

The following article presents theoretical and empirical research that aims to highlight the importance of listening to the subject of the unconscious in reflexive groups of men accused of violence against women in Brazil. The work presents the impressions of a methodology of investigation of critical social situations, situated between the singular and the social, whose horizon is to cool the growing movements of naturalization of violence against women in Brazil. The research method is based on the psychoanalytic tripod that combines theory (Restorative Justice and Psychoanalysis); case-by-case analysis, based on the follow-up of three reflective groups in the region of Camboriú/SC; and, finally, supervision of the sessions held in these three groups. The articulation of these tasks aims to answer the following question: what can Psychoanalysis in jurisdiction in relation to violence against women based on listening to the subject of the unconscious? With the research carried out, we concluded that psychoanalytic listening allows us to know and confirm aspects of gender inequality that were shown from unconscious formations produced in the analyzed groups.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

n, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

Doutora em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2020). Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba (2015). Pesquisadora de Pós-Doutorado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP).

Nelson da Silva Junior, Universidade de São Paulo

Doutor em Psicopatologia Fundamental pela Universidade Paris VII (1996). Professor Titular do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental em São Paulo/SP. Psicanalista.

References

ACHUTTI, Daniel Silva. Justiça restaurativa e abolicionismo penal. São Paulo: Saraiva, 2014.

AMADO, Roberto Marinho. O que fazer com os homens autores de violência contra as mulheres? Uma análise sobre os serviços destinados aos homens processados pela Lei Maria da Penha. In: BEIRAS, Adriano; NASCIMENTO, Marcos (Org.). Homens e violência contra mulheres: pesquisas e intervenções no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2017.

AUSTIN, John L. How to do things with words: the William James lectures delivered at Harvard University in 1955. Oxford: Claredon Press, 1962.

BEIRAS, Adriano et al. Grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra mulheres no Brasil: mapeamento, análise e recomendações. Florianópolis: CEJUR, 2021.

BEZERRA JR., Benilton Carlos. O ocaso da interioridade e suas repercussões sobre a clínica. In: PLASTINO, Carlos Alberto (Org.). Transgressões. Rio de Janeiro: Contracapa, 2002.

BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. São Paulo: Sueli Carneiro, Pólen, 2019.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

BUTLER, Judith. Atos performáticos e a formação dos gêneros: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

CARVALHO, Salo. Criminologia crítica: dimensões, significados e perspectivas atuais. Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 104, p. 279-303, 2013.

CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. 6. ed. São Paulo: Saraiva: 2015.

CARVALHO, Salo; ACHUTTI, Daniel. Justiça Restaurativa em risco: a crítica criminológica ao modelo judicial brasileiro. Revista Sequência: estudos jurídicos e políticos. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2021. v. 42.

CARVALHO, Salo de; WEIGERT, Mariana de Assis Brasil. A crítica criminológico-psicanalítica de Erich Fromm às teorias da pena: subsídios para pensar punição e autoritarismo no Brasil contemporâneo. In: FERRAREZE FILHO, Paulo; SILAS FILHO, Paulo (Org.). Psicanálise, direito e (des)enlace social. Londrina: Toth, 2021.

CASARA, Rubens R. R. Processo penal do espetáculo: ensaios sobre o poder penal, a dogmática e o autoritarismo na sociedade brasileira. Florianópolis: Empório do Direito, 2015.

CASSIN, Bárbara. Jacques, o sofista: Lacan, logos e psicanálise. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

CNJ - Conselho Nacional de Justiça. Diretrizes do Plano Pedagógico Mínimo Orientador para Formações em Justiça Restaurativa. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/08/final-completo-planej-pedag-min-orient-formacoes-cgjr-cnj-pol-nac-jr-jul-21.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2022.

CODATO, Valéria; TEIXEIRA, Marcus do Rio. Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise comentados: inconsciente, pulsão, transferência e repetição. Salvador: Ágalma, 2022.

COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. O estrangeiro do juiz ou o juiz é o estrangeiro? In: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (Org.). Direito e psicanálise: interseções e interlocuções a partir de O Senhor das Moscas de William Golding. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

DANTO, Elizabeth Ann. As clínicas públicas de Freud: psicanálise e justiça social. São Paulo: Perspectiva, 2019.

DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Rio de Janeiro: Difel, 2018.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos. São Paulo: Nova Alexandria, 2015.

DUNKER, Christian; THEBAS, Claudio. O palhaço e o psicanalista: como escutar os outros pode transformar vidas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019.

FERRAREZE FILHO, Paulo. Machismo cristão no Brasil de Bolsonaro. Le Monde Diplomatique Brasil, 12 nov. 2021. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/machismo-cristao-no-brasil-de-bolsonaro>. Acesso em: 22 mar. 2022.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2003.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2014.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.

FREUD, Sigmund. Conferências introdutórias à psicanálise. São Paulo, Companhia das Letras, 2014a. v. 13. (Obras completas).

FREUD, Sigmund. O futuro de uma ilusão. São Paulo: Companhia das Letras, 2014b. v. 17. (Obras completas).

FREUD, Sigmund. Psicopatologia da vida cotidiana. Companhia das Letras: São Paulo, 2017. v. 5. (Obras completas).

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 2015.

GOLDENBERG, Ricardo. No círculo cínico, ou, Caro Lacan, por que negar a psicanálise aos canalhas? Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

HULSMAN, Louk. Temas e conceitos numa abordagem abolicionista penal da justiça criminal. Verve, São Paulo, n. 3, 2003.

HULSMAN, Louk. Alternativas à justiça criminal. In: PASSETI, Edson (Coord.). Curso livre de abolicionismo penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

LACAN, Jacques. O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998a.

LACAN, Jacques. Seminário sobre A Carta Roubada. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998b.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LEMOS, Clecio. Foucault e a justiça pós-penal: críticas e propostas abolicionistas. Belo Horizonte: Letramento e Casa do Direito, 2019.

MOREIRA, Adilson. Racismo recreativo. São Paulo: Sueli Carneiro, Pólen, 2019.

OMS – Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/04/14142032-relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude.pdf>. Acesso: 22 fev. 2022.

ROSA, Alexandre Morais; AMARAL, Augusto Jobim. Cultura da punição: a ostentação do horror. 3. ed. Florianópolis: Empório do Direito, 2017.

ROTHAMAN, Emily F..; BUTCHART, Alexander.; CERDÁ, Magdalena. Intervening with perpetrators of intimate partner violence: a global perspective. Genebra: World Health Organization, 2003.

ROULAND, Norbert. Nos confins do direito: antropologia jurídica da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

SÁ, Alvino Augusto de. Criminologia clínica e psicologia criminal. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

SAFATLE, Vladimir. A paixão do negativo. São Paulo: Unesp Editora, 2005.

SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

SAFATLE, Vladimir. Maneiras de transformar mundos: Lacan, política e emancipação. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

SANTA CATARINA. Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Projeto de Lei 0044.2/2020. Disponível em: https://www.alesc.sc.gov.br/legislativo/tramitacao-de-materia/PL./0044.2/2020. Acesso em: 21 fev. 2022.

SANTOS, Dailor dos. O direito à memória em face das violências autoritárias: riscos e desafios da (re)construção do passado a partir das possibilidades jurídicas e perspectivas éticas das memórias. 179f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Porto Alegre, 2010.

SEMER, Marcelo. Sentenciando o tráfico: o papel dos juízes no grande encarceramento. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2019.

SILVA JR., Nelson da. Linguagens e pensamento: a lógica na razão e na desrazão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.

SILVA JR., Nelson. “Pacto Edípico, Pacto Social”: o Brasil da barbárie à desumanização em quarenta anos. Revista Poder e Cultura, Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, jan./jul. 2020.

SLAVUTZKY, Abrão. Humor é coisa séria. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2014.

TAVARES, Juarez. Fundamentos da teoria do direito. 2. ed. São Paulo, Tirant lo Blanch, 2020.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas. 5. ed. Rio de Janeiro: Revan, 1991.

ZANELLO, Valeska. Masculinidades, cumplicidade e misoginia na “casa dos homens”: um estudo sobre grupos de WhatsApp masculinos no Brasil. In: FERREIRA, Larissa (Org.). Gênero em perspectiva. Curitiba: CRV, 2020.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: justiça restaurativa para o nosso tempo. São Paulo: Palas Athena, 2008.

Published

2024-06-25

How to Cite

Ferrareze Filho, P., Barrêto Nóbrega de Lucena, M., & da Silva Junior, N. (2024). Justiça restaurativa e psicanálise: O sujeito do inconsciente em grupos de homens acusados de violência contra mulheres . Brazilian Journal of Criminal Science, 196(196), 67–91. Retrieved from https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/270

Metrics