Por uma investigação preliminar dos fatos com perspectiva de gênero

Visualizações: 70

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.13246316

Palavras-chave:

etapa pré-processual, epistemologia jurídica, estereótipos de gênero, acesso à justiça

Resumo

O presente artigo almeja direcionar o enfoque da análise do papel desempenhado pela perspectiva de gênero para o momento da investigação preliminar de delitos cometidos contra as mulheres. Isso porque, pesem os avanços, notadamente concretizados pela edição do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, em 2021, fruto de parceria do Conselho Nacional de Justiça com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, pouco ainda se teoriza sobre a necessária extensão dessa ferramenta conceitual para outras etapas da dinâmica processual, ademais da valoração probatória. Assim sendo, a partir do suporte que a epistemologia confere à fase investigativa, buscar-se-á demonstrar que a inobservância da perspectiva de gênero também no momento de apuração dos fatos compromete o acesso à justiça, em sua dimensão pré-processual, contribuindo à manutenção de estereótipos que inviabilizam os compromissos civilizatórios de prevenção, punição ou erradicação da violência contra as mulheres.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Me. Roberta de Lima e Silva, Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Mestranda em Direito Processual Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestra em Raciocínio Probatório pela Universitat de Girona (Espanha). Pós-graduada em Direito Penal Econômico pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (2020). Especialista em Prova Testemunhal desde o Raciocínio Probatório e a Psicologia do Testemunho pela Universitat de Girona (Espanha) e em Obtenção, Interpretação e Valoração da Prova pela Universidad de Salamanca (Espanha). Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Assistente Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/6935852760094787

Referências

BADARÓ, Gustavo Henrique. Epistemologia judiciária e prova penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

BRASIL. Decreto nº 4.377, de 13 de setembro de 2002. Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no 89.460, de 20 de março de 1984. Brasília, 13 set. 2002.

CNJ. Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, 2021. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/10/protocolo-para-julgamento-com-perspectiva-de-genero-cnj-24-03-2022.pdf>. Acesso em 22 jun. 2024.

DAMASCENO, Fernando Braga. A Constituição e a valoração da prova judicial entre a indiferença e um mandamento de redução do risco de erro. ReJuB - Rev. Jud. Bras., Brasília, ano 1, n. 1, pp. 37-59, jul./dez. 2021. Disponível em: . Acesso em 22 jun. 2024).

DEI VECCHI, Diego. Tres discusiones acerca de la relación entre prueba y verdade. Discusiones XIII. n. 13, Buenos Aires, fev. 2013, pp. 233-264.

FERRER BELTRÁN, Jordi; VÁZQUEZ, Carmen (coord). Debatiendo com Taruffo. Barcelona: Marcial Pons, 2016.

GLOBO. “Até o próprio delegado me culpou”, diz jovem vítima de estupro coletivo. Edição de 29/05/2016. Disponível em: <https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/05/ate-o-proprio-delegado-me-culpou-diz-jovem-vitima-de-estupro-coletivo.html>. Acesso em 22 jun. 2024.

KAMADA, Luis Ernesto. Violencia de género: no solo un delito sino un contexto. Tomo 1. San Salvador de Jujuy: El Fuste, 2023.

MARDEGAN, Alexssandra Muniz. Injustiça epistêmica: a prova testemunhal e o preconceito identitário no julgamento de crimes contra a mulher. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, v. 9, n. 1, 2023.

MATIDA, Janaína. Algumas reflexões probatórias para os crimes de gênero. Consultor Jurídico, 23 jul. 2021. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2021-jul-23/limite-penal-algumas-reflexoes-probatorias-crimes-genero/>. Acesso em 22 jun. 2024.

MATIDA, Janaína. HERDY, Rachel. As inferências probatórias: compromissos epistêmicos, normativos e interpretativos. Revista do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, n. 73, jul./set. 2019. Disponível em: <https://www.mprj.mp.br/documents/20184/1473819/Janaina+Matida+&+Rachel+Herdy.pdf>. Acesso em 22 jun. 2024.

MATIDA, Janaina; MOSCATELLI, Lívia. Justiça como Humanidade na construção de uma investigação preliminar epistêmica. Consultor Jurídico, 14 ago. 2020. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-ago-14/limite-penal-construcao-investigacao-preliminar-epistemica/>. Acesso em 22 jun. 2024.

______. Os fatos no processo penal. São Paulo: Marcial Pons, 2023.

MOSCATELLI, Lívia Yuen Ngan. La importancia de la adbucción en la etapa de investigación criminal del delito. Trabajo final de máster (Máster en Razonamiento Probatório) – Universitat de Girona, Espanha, 2022.

NOVOA, Marcela Araya; SAN MARTÍN, Rodrigo Cerda. Violencia de género. Santiago de Chile: Librotecnia, 2022.

POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual operacional do policial civil: doutrina, legislação, modelos. Carlos Alberto Marchi de Queiroz (coord.). São Paulo: Delegacia Geral de Polícia, 2002.

Downloads

Publicado

2024-08-27

Como Citar

de Lima e Silva, R. (2024). Por uma investigação preliminar dos fatos com perspectiva de gênero. Boletim IBCCRIM, 32(382), 11–14. https://doi.org/10.5281/zenodo.13246316