O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (III):

o caso Igor

Visualizações: 0

Autores

  • Prof. Dr. Fernando Braga Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados https://orcid.org/0000-0002-8690-3440
  • Me. Daniele Liberatti Santos Takeuchi Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados
  • Me. Marcelo Honorato Associação dos Juízes Federais do Brasil https://orcid.org/0000-0001-6119-9090

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.16943351

Palavras-chave:

erro judiciário, valoração da prova testemunhal, prova de reconhecimento de pessoas, presunção de inocência, aprendizagem baseada em erros

Resumo

O artigo analisa o caso Igor, uma das primeiras atuações do Innocence Project Brasil, que culminou na revisão de sua condenação a 15 (quinze) anos e 6 (seis) meses de reclusão por roubo e tentativa de latrocínio, após quase três anos de prisão injusta. O texto examina criticamente o julgamento, identificando falhas no raciocínio decisório ou justificativo, especialmente quanto à inadequada valoração das provas dependentes da memória e desconsideração de diversas provas materiais. O estudo culmina com o mapeamento de fatores que provavelmente contribuíram para o erro: admissibilidade automática da acusação, decretação e manutenção da prisão preventiva, incompreensão do papel do juiz criminal e ausência de adoção de método decisório estruturado com aptidão desenviesante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Prof. Dr. Fernando Braga, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2023), Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará (2005) e em Raciocínio Probatório pela Universidade de Girona-Espanha, graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (1998). Professor do quadro permanente do Mestrado Profissional da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Desembargador Federal junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde foi Diretor da Escola da Magistratura e Corregedor e atualmente exerce a presidência. Atua nos seguintes temas: prova penal, processo penal, erro judiciário, tribunal do júri, valoração da prova e formação de juízes

Me. Daniele Liberatti Santos Takeuchi, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

Mestrado-profissionalizante pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (2023) e graduação em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (2008). Atualmente, é Juíza de Direito da Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Tem experiência na área de Direito, atuando principalmente nos seguintes temas: processo penal, prova penal e neurodireitos

Me. Marcelo Honorato, Associação dos Juízes Federais do Brasil

Mestre em Direito com distinção Summa Cum Laude (Ambra University/Universidade Católica de Brasília, 2023), Especialista em Direito Processual (UNAMA, 2008), Direito Constitucional (UNISUL, 2010) e Direito do Estado (UNIDERP, 2011) e possui graduação em Direito (UFPA, 2004) e Ciências Aeronáuticas (AFA, 1994). Foi Oficial Aviador da Força Aérea Brasileira entre 1988 e 2010. Juiz Federal desde 2010 e Coordenador da Comissão de Direito Aeronáutico da Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) desde 2017. Tem diversas obras doutrinárias publicadas, em especial, na área de Direito Aeronáutico, com destaque para Crimes Aeronáuticos, na 5ª Edição (2024). Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/2856818842462093

Referências

ANDERSON, Terence; SCHUM, David; TWINING, William. Analysis of evidence. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. https://doi.org/10.1017/CBO9780511610585

BARROSO, Anamaria Prates. Por um processo penal não racista: a racialização do processo penal como forma de enfrentamento do racismo nas práticas processuais penais. Belo Horizonte: D’Plácido. 2023.

BRAGA, Fernando. Direito probatório (stricto sensu): da valoração da prova. São Paulo: Tirant lo Blanch. 2023a.

BRAGA, Fernando. Pensando a qualidade do juízo fático-probatório: um modelo de evolução baseado no aprendizado com erros. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 9, n. 3, p. 1.213-1.256, 2023b. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v9i3.900

BRAGA, Fernando; ARCHANGELO, Fátima Aurora Guedes Afonso; BOSSONARIO, Letícia Daniele. O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (I): o caso Antônio. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 33, n. 390, p. 23-28, 2025. https://doi.org/10.5281/zenodo.15133098

BRAGA, Fernando; SANTOS JUNIOR, Juraci de Souza. O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (II): o caso Sílvio. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 33, n. 392, p. 30-34, 2025. https://doi.org/10.5281/zenodo.15649715

CECCONELLO, William Weber; ÁVILA, Gustavo Noronha de; STEIN, Lilian Milnitsky. A (ir)repetibilidade da prova penal dependente da memória: uma discussão com base na psicologia do testemunho. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 8, n. 2, p. 1.057-1.073, 2018. https://doi.org/10.5102/rbpp.v8i2.5312

CECCONELLO, William Weber; FITZGERALD, Ryan J.; STEIN, Lilian Milnitsky. Efeitos do Alinhamento Justo e Similaridade de Rostos no Reconhecimento de Pessoas. Psico-USF, Campinas, v. 27, n. 1, p. 181-191, 2022. https://doi.org/10.1590/1413-82712022270114

CLIFFORD, Brian R.; HOLLIN, Clive R. Effects of the type of incident and the number of perpetrators on eyewitness memory. Journal of Applied Psychology, v. 66, n. 3, p. 364-370, 1981. https://doi.org/10.1037/0021-9010.66.3.364

DEFFENBACHER, Kenneth A.; BORNSTEIN, Brian H.; PENROD, Steven D.; MCGORTY, E. Kiernan. A meta-analytic review of the effects of high stress on eyewitness memory. Law and Human Behavior, v. 28, n. 6, p. 687-706, 2004. https://doi.org/10.1007/s10979-004-0565-x

DIGES JUNCO, Margarita; PÉREZ MATA, Nieves. La prueba de identificación desde la psicología del testimonio. In: DIGES JUNCO, Margarita et al. (org.). Identificaciones fotográficas y en rueda de reconocimiento: un análisis desde el Derecho procesal penal y la psicología del testimonio. Madrid: Marcial Pons, 2014. p. 33-85.

EISEN, Mitchell L.; SKERRIT-PERTA, Amaia; JONES, Jennifer M.; OWEN, Jade; CEDRÉ, Gabriela C. Pre-admonition suggestion in live showups: when witnesses learn the cops believe they caught ‘the’ guy. Applied Cognitive Psychology, v. 31, n. 5, p. 520-529, 2017. https://doi.org/10.1002/acp.3349

ENDSLEY, Mica Renee. Toward a theory of situation awareness in dynamic systems. Human Factors, v. 37, n. 1, p. 32-64, 1995. https://doi.org/10.1518/001872095779049543

FONDEVILA, Gustavo; QUINTANA-NAVARRETE, Miguel. Determinantes de la sentencia: Detención en flagrancia y prisión preventiva en México. Latin American Law Review, Bogotá, v. 1, n. 4, p. 49-72, 2020. https://doi.org/10.29263/lar04.2020.03

FRICKER, Miranda. Epistemic injustice: power and the ethics of knowing. New York: Oxford University Press, 2007.

GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Prisões cautelares, confirmation bias e o direito fundamental à devida cognição no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 23, n. 117, p. 263-286, 2015.

HOCK LAI, Ho. The legal concept of evidence. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2021.

LEIPOLD, Andrew D. How the pretrial process contributes to wrongful convictions. American Criminal Law Review, v. 42, p. 1123-1165, 2005.

LIDÉN, Moa. Confirmation bias in criminal cases. 2018. Tese (Doutorado) – Uppsala University, Uppsala, 2018.

NICKERSON, Raymond S. Confirmation bias: a ubiquitous phenomenon in many guises. Review of General Psychology, Newcastle, v. 2, n. 2, p. 175-220, 1998. https://doi.org/10.1037/1089-2680.2.2.175

OLIVEIRA, André Luis Tabosa de; SANTIAGO, Nestor Eduardo Araruna. A acusação responsável como direito fundamental. Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza, CE, nos dias 9, 10, 11 e 12 de Junho de 2010.

PARKER, S. A.; SERRATS, A. F. Memory recovery after traumatic coma. Acta Neurochirurgica, v. 34, p. 71-77, 1976. https://doi.org/10.1007/BF01405864

WAGENAAR, Willem A.; KOPPEN, P. J. van; CROMBAG, Hans F. M. Anchored narratives: the psychology of criminal evidence. Hemel Hempstead: Harvester Wheatsheaf, 1993.

WALTON, Douglas; MACAGNO, Fabrizio. Common knowledge in legal reasoning about evidence. International Commentary on Evidence, v. 3, n. 1, 1, 2005.

WOJCIECHOWSKI, Paola Bianchi; ROSA, Alexandre Morais da. Vieses da justiça: como as heurísticas e vieses operam nas decisões penais e a atuação contraintuitiva. 2. ed. Florianópolis: Emais, 2021.

Downloads

Publicado

28-08-2025

Como Citar

BRAGA, F.; TAKEUCHI, D. L. S.; HONORATO, M. O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (III):: o caso Igor. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 33, n. 394, p. 19–24, 2025. DOI: 10.5281/zenodo.16943351. Disponível em: https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/boletim_1993/article/view/2223. Acesso em: 25 set. 2025.

Edição

Seção

Erros Judiciários

Métricas

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)