O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (III):
o caso Igor
Visualizações: 0DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.16943351Palavras-chave:
erro judiciário, valoração da prova testemunhal, prova de reconhecimento de pessoas, presunção de inocência, aprendizagem baseada em errosResumo
O artigo analisa o caso Igor, uma das primeiras atuações do Innocence Project Brasil, que culminou na revisão de sua condenação a 15 (quinze) anos e 6 (seis) meses de reclusão por roubo e tentativa de latrocínio, após quase três anos de prisão injusta. O texto examina criticamente o julgamento, identificando falhas no raciocínio decisório ou justificativo, especialmente quanto à inadequada valoração das provas dependentes da memória e desconsideração de diversas provas materiais. O estudo culmina com o mapeamento de fatores que provavelmente contribuíram para o erro: admissibilidade automática da acusação, decretação e manutenção da prisão preventiva, incompreensão do papel do juiz criminal e ausência de adoção de método decisório estruturado com aptidão desenviesante.
Downloads
Referências
ANDERSON, Terence; SCHUM, David; TWINING, William. Analysis of evidence. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. https://doi.org/10.1017/CBO9780511610585
BARROSO, Anamaria Prates. Por um processo penal não racista: a racialização do processo penal como forma de enfrentamento do racismo nas práticas processuais penais. Belo Horizonte: D’Plácido. 2023.
BRAGA, Fernando. Direito probatório (stricto sensu): da valoração da prova. São Paulo: Tirant lo Blanch. 2023a.
BRAGA, Fernando. Pensando a qualidade do juízo fático-probatório: um modelo de evolução baseado no aprendizado com erros. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 9, n. 3, p. 1.213-1.256, 2023b. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v9i3.900
BRAGA, Fernando; ARCHANGELO, Fátima Aurora Guedes Afonso; BOSSONARIO, Letícia Daniele. O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (I): o caso Antônio. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 33, n. 390, p. 23-28, 2025. https://doi.org/10.5281/zenodo.15133098
BRAGA, Fernando; SANTOS JUNIOR, Juraci de Souza. O que podemos aprender com os primeiros casos do Innocence Project Brasil (II): o caso Sílvio. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 33, n. 392, p. 30-34, 2025. https://doi.org/10.5281/zenodo.15649715
CECCONELLO, William Weber; ÁVILA, Gustavo Noronha de; STEIN, Lilian Milnitsky. A (ir)repetibilidade da prova penal dependente da memória: uma discussão com base na psicologia do testemunho. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 8, n. 2, p. 1.057-1.073, 2018. https://doi.org/10.5102/rbpp.v8i2.5312
CECCONELLO, William Weber; FITZGERALD, Ryan J.; STEIN, Lilian Milnitsky. Efeitos do Alinhamento Justo e Similaridade de Rostos no Reconhecimento de Pessoas. Psico-USF, Campinas, v. 27, n. 1, p. 181-191, 2022. https://doi.org/10.1590/1413-82712022270114
CLIFFORD, Brian R.; HOLLIN, Clive R. Effects of the type of incident and the number of perpetrators on eyewitness memory. Journal of Applied Psychology, v. 66, n. 3, p. 364-370, 1981. https://doi.org/10.1037/0021-9010.66.3.364
DEFFENBACHER, Kenneth A.; BORNSTEIN, Brian H.; PENROD, Steven D.; MCGORTY, E. Kiernan. A meta-analytic review of the effects of high stress on eyewitness memory. Law and Human Behavior, v. 28, n. 6, p. 687-706, 2004. https://doi.org/10.1007/s10979-004-0565-x
DIGES JUNCO, Margarita; PÉREZ MATA, Nieves. La prueba de identificación desde la psicología del testimonio. In: DIGES JUNCO, Margarita et al. (org.). Identificaciones fotográficas y en rueda de reconocimiento: un análisis desde el Derecho procesal penal y la psicología del testimonio. Madrid: Marcial Pons, 2014. p. 33-85.
EISEN, Mitchell L.; SKERRIT-PERTA, Amaia; JONES, Jennifer M.; OWEN, Jade; CEDRÉ, Gabriela C. Pre-admonition suggestion in live showups: when witnesses learn the cops believe they caught ‘the’ guy. Applied Cognitive Psychology, v. 31, n. 5, p. 520-529, 2017. https://doi.org/10.1002/acp.3349
ENDSLEY, Mica Renee. Toward a theory of situation awareness in dynamic systems. Human Factors, v. 37, n. 1, p. 32-64, 1995. https://doi.org/10.1518/001872095779049543
FONDEVILA, Gustavo; QUINTANA-NAVARRETE, Miguel. Determinantes de la sentencia: Detención en flagrancia y prisión preventiva en México. Latin American Law Review, Bogotá, v. 1, n. 4, p. 49-72, 2020. https://doi.org/10.29263/lar04.2020.03
FRICKER, Miranda. Epistemic injustice: power and the ethics of knowing. New York: Oxford University Press, 2007.
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Prisões cautelares, confirmation bias e o direito fundamental à devida cognição no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 23, n. 117, p. 263-286, 2015.
HOCK LAI, Ho. The legal concept of evidence. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2021.
LEIPOLD, Andrew D. How the pretrial process contributes to wrongful convictions. American Criminal Law Review, v. 42, p. 1123-1165, 2005.
LIDÉN, Moa. Confirmation bias in criminal cases. 2018. Tese (Doutorado) – Uppsala University, Uppsala, 2018.
NICKERSON, Raymond S. Confirmation bias: a ubiquitous phenomenon in many guises. Review of General Psychology, Newcastle, v. 2, n. 2, p. 175-220, 1998. https://doi.org/10.1037/1089-2680.2.2.175
OLIVEIRA, André Luis Tabosa de; SANTIAGO, Nestor Eduardo Araruna. A acusação responsável como direito fundamental. Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza, CE, nos dias 9, 10, 11 e 12 de Junho de 2010.
PARKER, S. A.; SERRATS, A. F. Memory recovery after traumatic coma. Acta Neurochirurgica, v. 34, p. 71-77, 1976. https://doi.org/10.1007/BF01405864
WAGENAAR, Willem A.; KOPPEN, P. J. van; CROMBAG, Hans F. M. Anchored narratives: the psychology of criminal evidence. Hemel Hempstead: Harvester Wheatsheaf, 1993.
WALTON, Douglas; MACAGNO, Fabrizio. Common knowledge in legal reasoning about evidence. International Commentary on Evidence, v. 3, n. 1, 1, 2005.
WOJCIECHOWSKI, Paola Bianchi; ROSA, Alexandre Morais da. Vieses da justiça: como as heurísticas e vieses operam nas decisões penais e a atuação contraintuitiva. 2. ed. Florianópolis: Emais, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Fernando Braga, Daniele Liberatti Santos Takeuchi, Marcelo Honorato

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados são do autor, mas com direitos do periódico sobre a primeira publicação e com respeito ao período de exclusividade de um ano. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Se não houver tal indicação, considerar-se-á situação de autoplágio.
Portanto, a reprodução, total ou parcial, dos artigos aqui publicados fica sujeita à expressa menção da procedência de sua publicação neste periódico, citando-se o volume e o número dessa publicação. Para efeitos legais, deve ser consignada a fonte de publicação original, além do link DOI para referência cruzada (se houver).