A cadeia de custódia é condição necessária para a redução dos riscos de condenações de inocentes

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Palavras-chave:

Cadeia de custódia, Fiabilidade, Determinação dos fatos, Redução de riscos, Epistemologia jurídica

Resumo

O tema do presente artigo é a cadeia de custódia da prova. A introdução do instituto na Lei 13.964/19 reflete o reconhecimento de que a fiabilidade constitui uma importante característica dos elementos que comporão o conjunto probatório a ser valorado pelo juiz para a determinação dos fatos juridicamente relevantes. A função da cadeia de custódia da prova, definida como documentação cronológica do vestígio (que deve ser entendido de modo amplo), é justamente a de garantir que o elemento probatório que o juiz recebe na fase de instrução é confiável foi colhido, catalogado, manipulado, condicionado e transportado adequadamente até ser ingressado ao juízo. Por isso, pode ser usado como ponto de partida às inferências probatórias. Na omissão da lei, defendo que a fase adequada ao exame da cadeia de custódia é a fase de admissão da prova; e, em segundo lugar, que a consequência da quebra da cadeia de custódia deverá ser a exclusão do vestígio, sem que este possa ser valorado. A qualidade epistêmica da fase investigatória é condição necessária, ainda que não suficiente, para um processo penal seriamente comprometido com a redução do risco de condenação de inocentes.

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Biografia do Autor

Dra. Janaina Matida, Universidad Alberto Hurtado - Chile

Doutora em Direito pela Universitat de Girona (Espanha). Professora de Direito da Universidad Alberto Hurtado (Chile). Lattes CV: http://lattes.cnpq.br/0726953790052272 

 

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Publicado

2020-06-02

Como Citar

Matida, D. (2020). A cadeia de custódia é condição necessária para a redução dos riscos de condenações de inocentes . Boletim IBCCRIM, 28(331), 6–9. Recuperado de https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/boletim_1993/article/view/541