Violência e política na gestão da segurança em São Paulo

notas sobre o governo Tarcísio, a história de massacres e a extrema-direita brasileira

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Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.12208102

Palavras-chave:

Violência estatal, Política de segurança, Políticas de militarização, Milicianização, Violência policial

Resumo

O artigo apresenta e analisa as principais medidas adotadas pelo governo de Tarcísio de Freitas na área de segurança pública em São Paulo no primeiro um ano e meio de gestão, e os discursos mobilizados para sustentá-las. Argumenta-se que a sua administração pode ser compreendida como continuidade da articulação militar-miliciana característica do chamado “bolsonarismo”, que aprofunda e intensifica a lógica de militarização e assume de forma cada vez mais explícita e aberta o uso da violência estatal para ganhos políticos. Nesse sentido, busca-se inserir a crítica às medidas adotadas por Tarcísio dentro de uma crítica mais ampla à história de militarização, violência e extermínio que marca as políticas de segurança em São Paulo (e no Brasil como um todo), e apontar como a extrema-direita mobiliza e amplifica estes padrões de atuação.

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Biografia do Autor

Me. Pedro de Almeida Pires Camargos, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo/SP

Doutorando e mestre em Sociologia pela USP. Advogado. Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/3036060424851875

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Publicado

2024-06-30

Como Citar

Camargos, P. de A. P. (2024). Violência e política na gestão da segurança em São Paulo: notas sobre o governo Tarcísio, a história de massacres e a extrema-direita brasileira. Boletim IBCCRIM, 32(380), 30–34. https://doi.org/10.5281/zenodo.12208102

Edição

Seção

LAUT - Centro de análise da liberdade e do autoritarismo