O “dinheiro organizado” e o crime sistémico

Autores

  • Prof. Dr. António Avelãs Nunes Faculdade de Direito de Coimbra, Portugal

Palavras-chave:

capital financeiro, neoliberalismo, especulação, lavagem de capitais, captura política

Resumo

O presente trabalho investiga como o chamado “dinheiro organizado” atua como vetor central do crime sistémico, ao utilizar a liberdade global de fluxos financeiros e os paraísos fiscais para perpetrar uma série de práticas que podem ser qualificadas como crimes contra a humanidade. Sob o paradigma neoliberal surgido no pós-crise petrolífera dos anos 1970, o capital financeiro conquista hegemonia sobre o capital produtivo, consolidando-se por meio da especulação, corrupção, lavagem de dinheiro, manipulação de mercados e captura política. Esse modelo assenta em uma cumplicidade entre Estado e elites financeiras que garante impunidade e expulsa dos circuitos de responsabilização penal os grandes operadores. A análise demonstra que o sistema vigente não apenas permite, mas estrutura-se a partir de lógicas criminosas, exigindo uma reconfiguração democrática da regulação financeira e da governança global.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Prof. Dr. António Avelãs Nunes, Faculdade de Direito de Coimbra, Portugal

Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Direito de Coimbra. Doutor Honoris Causa pelas Universidades Federais de Alagoas, do Paraná e da Paraíba. Sigillo d’Oro da Università Degli Studi di Foggia. Doutor Honoris Causa pela Universidad de Valladolid.

Referências

Avelãs Nunes, A. J. A Constituição Europeia: a constitucionalização do neoliberalismo. Coimbra: Coimbra Editora, 2006; São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

______. A crise do capitalismo: capitalismo, neoliberalismo, globalização. 6. ed. revista e ampliada. Lisboa: Página a Página, 2013. [Edição brasileira: A crise atual do capitalismo: capitalismo financeiro, neoliberalismo, globalização. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.]

______. O Estado capitalista e as suas máscaras. 3. ed. revista. Lisboa: Edições Avante, 2013. [Edição brasileira: Rio de Janeiro: Lumen Juris.]

______.Do capitalismo e do socialismo. 2. ed. revista e ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018.

Beck, Ulrich. A Europa alemã: de Maquiavel a “Merkievel”: estratégias de poder na crise do Euro. Lisboa: Edições 70, 2013.

Blyth, Mark. Austeridade: A história de uma ideia perigosa. Lisboa: Quetzal, 2013.

Cole, G. D. H. Historia del pensamiento socialista. México: Fondo de Cultura Economica, 1957.

Crotty, James. The neoliberal paradox : the impact of destructive product market competition and impatient finance nonfinancial corporations in the neoliberal era. em Review of Radical Political Economics, v. 35, n. 3, p. 271-279, 2003.

Friedman , Milton; Friedman , Rose. Liberdade para escolher. Lisboa : EuropaAmérica, s/d.

Haberler, Gottfried. Inflación y Desarrollo Económico. Revista de Economia y Estadistica, n. 3, p. 8183, 1958.

______. Politica de salarios, empleo y estabilidad monetaria. Información Comercial Española, p. 165173, ago.-set. 1969.

Habermas, Jürgen. Um ensaio sobre a Constituição da Europa. Lisboa: Edições 70, 2012.

Hayek, Friedrich A. The use of knowledge in society. The American Economic Review, v. XXXV, n. 4, p. 519-530, set. 1945.

______. Inflation: causes, consequences and cures. IEA Reading 14, Londres, The Institute of Economic Affairs, p. 115120, 1974.

______.Law, legislation and liberty: the mirage of social justice. v. II. Londres, Routledge, 1976.

______. Studies in philosophy, politics and economics. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1978.

Kaysen, Carl. The social significance of modern corporation. The American Economic Review, mai. 1957.

Krugman, Paul. Quando a austeridade falha. The New York Times, 25 mai. 2011.

______. Acabem com esta crise já!. Lisboa: Editorial Presença, 2012. Stiglitz, Joseph E. Globalization and its discontents. Madrid: Santillana Ediciones Generales, 2002.

______. O preço da desigualdade. Lisboa: Bertrand, 2013.

______. O Euro: como uma moeda única ameaça o futuro da Europa. Lisboa: Bertrand, 2016.

Streeck, Wolfgang. Tempo comprado: a crise adiada do capitalismo democrático. Lisboa: Conjuntura Actual, 2013;

______.Uma hegemonia fortuita. Le Monde Diplomatique (ed. port.), mai. 2015. Varoufakis, Yanis. Os fracos são os que sofrem mais? A crise da Europa e a estabilidade global ameaçada. Lisboa: Marcador, 2016.

Downloads

Publicado

01-07-2019

Como Citar

NUNES, António Avelãs. O “dinheiro organizado” e o crime sistémico. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 27, n. 320, p. 2–6, 2019. Disponível em: https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/boletim_1993/article/view/2436. Acesso em: 13 nov. 2025.

Métricas

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.