O valor probatório da confissão obtida em acordos penais rescindidos ou não homologados
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.17220365Palavras-chave:
acordo de não persecução penal, colaboração premiada, rescisão, confissão, valor probatórioResumo
O presente artigo investiga o valor probatório da confissão obtida no Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) e na colaboração premiada quando rescindidos ou não homologados. Partindo da hipótese de que a confissão pode ser utilizada indevidamente caso não se considere a natureza jurídica de cada instituto, é adotada uma análise jurídico-dogmática que contrapõe as diferentes finalidades desses mecanismos negociais. Conclui-se que, no ANPP, a confissão é apenas requisito objetivo para o acordo, sendo inadmissível seu uso na persecução penal. Já na colaboração premiada, a confissão tem finalidade probatória, podendo ser utilizada caso o acordo seja frustrado, mas exige ratificação em juízo e corroboração por outras provas.
Downloads
Referências
AMERICAN BAR ASSOCIATION. Criminal Justice Section. Plea Bargain Task Force Report. Washington, D.C.: American Bar Association Criminal, [2023]. Disponível em: https://www.americanbar.org/groups/criminal_justice/committees/taskforces/plea_bargain_tf/. Acesso em: 15 jun. 2025.
BEM, Leonardo Schmitt de. Os requisitos do acordo de não persecução penal. In: BEM, Leonardo Schmitt de; MARTINELLI, João Paulo (org.). Acordo de não persecução penal. 2. ed. 1. reimp. Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2021. p. 219-264.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (Terceira Seção). Agravo em Recurso Especial nº 2123334-MP, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 20/06/2024a.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (Terceira Seção). REsp nº 2161548-BA, relator Ministro Otávio de Almeida Toledo (Desembargador convocado do TJSP), julgado em 21/03/2025.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). HC 185.913, relator Ministro Gilmar Mendes, julgado em 18/09/2024b.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Fortalecendo vias para as alternativas penais: um levantamento nacional da aplicação do Acordo de não Persecução Penal no Brasil. Coordenação de Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi et al. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2023/09/lancamento-levantamento-anpp-1.pdf. Acesso em: 15 jun. 2025.
CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Resolução de 16 de abril de 2024. Altera a Resolução nº 181, de 7 de agosto de 2017, a fim de adequá-la à Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Brasília: CNMP, 2024. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2024/Abril/Resolu%C3%A7%C3%A3o_289_2024.pdf. Acesso em: 15 jun. 2025.
CRUZ, Rogerio Schietti; MONTEIRO, Eduardo M. N. Acordo de Não Persecução Penal (ANPP): aspectos gerais e observações sobre a confissão extrajudicial. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 10, n. 1, e907, 2024. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v10i1.907
DUCE JULIO, Mauricio. Los procedimientos abreviados y simplificados y el riesgo de condenas erróneas en Chile: resultados de una investigación empírica. Revista de Derecho, Coquimbo, v. 26, e3845, 2019. https://doi.org/10.22199/issn.0718-9753-2019-0012
DWORKIN, Ronald. O império do direito. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3. ed. rev. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
FERRAJOLI, Luigi. Principia iuris: teoría del derecho y de la democracia. Tradução: Perfecto Andrés Ibáñez, Carlos Bayón, Marina Gascón, Luis Prieto Sanchís y Alfonso Ruiz Miguel. Madrid: Trotta, 2013.
FUCCIA, Eduardo Velozo. Confissão feita no ANPP não é válida para condenar se acordo é revogado. Consultor Jurídico, 5 maio 2025. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2025-mai-05/confissao-feita-no-anpp-nao-e-valida-para-condenar-se-acordo-for-revogado/. Acesso em: 29 jul. 2025.
MANDARINO, Renan Posella. Análise crítica da natureza jurídica da colaboração premiada. In: GOMES, Luiz Flavio; SILVA, Marcelo Rodrigues da; MANDARINO, Renan Posella (org.). Colaboração premiada: novas perspectivas para o sistema jurídico-penal. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018. p. 383-421.
NEWKIRK CENTER FOR SCIENCE & SOCIETY. The National Registry of Exonerations: 2022 Annual Report. East Lansing: University of California Irvine; University of Michigan, 2023. Disponível em: https://www.law.umich.edu/special/exoneration/Documents/NRE%20Annual%20Report%202022.pdf. Acesso em: 7 set. 2025.
PAULINO, Galtiênio da Cruz. A criminalidade organizada e a colaboração premiada: análise jurídica, econômica e comportamental. 1. ed. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2025.
TARUFFO, Michele. Verdade negociada? Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 13, n. 13, p. 634-657, 2014. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/redp/article/view/11928. Acesso em: 15 set. 2025.
VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Acordo de não persecução penal. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2022.
VELEDA, Diana. La decisión sobre la quaestio facti en los acuerdos de culpabilidade. Quaestio Facti: Revista internacional sobre razonamiento probatorio, Girona, v. n. 2. p. 155-184, 2021. https://doi.org/10.33115/udg_bib/qf.i2.22461
WINTER, Lorena Bachmaier. Justiça negociada e coerção: reflexões à luz da jurisprudência do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. In: GLOECKNER, Ricardo Jacobsen (org.). Plea bargaining. 1. ed. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2019. p. 9-39.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Michelle Barbosa de Brito

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados são do autor, mas com direitos do periódico sobre a primeira publicação e com respeito ao período de exclusividade de um ano. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Se não houver tal indicação, considerar-se-á situação de autoplágio.
Portanto, a reprodução, total ou parcial, dos artigos aqui publicados fica sujeita à expressa menção da procedência de sua publicação neste periódico, citando-se o volume e o número dessa publicação. Para efeitos legais, deve ser consignada a fonte de publicação original, além do link DOI para referência cruzada (se houver).








