A proteção da privacidade no processo penal e investigações corporativas: uma análise sobre o monitoramento de smartphones

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Autores

  • Fábio André Guaragni Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba/PR
  • Douglas Rodrigues da Silva Faculdades da Indústria de São José dos Pinhais - FIEP/IEL

Palavras-chave:

Processo Penal, Prova Ilícita, Investigações Corporativas, Privacidade, Smartphones

Resumo

O estudo tem por escopo apurar em que medida a prova colhida no âmbito das denominadas investigações corporativas pode ser aproveitada no processo penal. E a fim de melhor avaliar o problema, o foco do trabalho recairá sobre a possibilidade de se utilizar o monitoramento e a apreensão de equipamentos eletrônicos postos à disposição dos colaboradores e empregados por parte da empresa, especialmente os smartphones. Nesses termos, pretende-se abordar, em primeiro plano, de que forma as diretrizes de compliance impõem à empresa uma nova postura diante de atividades irregulares que sejam praticadas em sua estrutura e de que forma isso torna a investigação corporativa (ou interna) uma realidade crescente. Na sequência, o objetivo está em delinear aspectos de aproveitamento da prova trasladada às investigações corporativas. No terceiro item, o foco recairá sobre os aspectos mais específicos da atividade empresarial moderna, apontando de que forma as novas tecnologias têm assumido papel proeminente na atividade laboral e, além disso, como a cessão de equipamentos para tais fins gera um conflito entre direitos dos trabalhadores e prerrogativas da empresa. Por fim, a análise se concentrará na cessão de smartphones por parte da empresa e os limites de monitoramento e devassa desses dispositivos, para que se possa enxergar a prova daí derivada como válida no processo penal.

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Biografia do Autor

Fábio André Guaragni, Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba/PR

Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). Procurador de Justiça no Ministério Público do Estado do Paraná.

Douglas Rodrigues da Silva, Faculdades da Indústria de São José dos Pinhais - FIEP/IEL

Mestre em Direito pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). Especialista em Direito Penal e Processo Penal pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA). Professor de Direito Penal Econômico das Faculdades da Indústria de São José dos Pinhais (FIEP/IEL). Advogado.

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Publicado

2024-11-13

Como Citar

Guaragni, F. A., & Rodrigues da Silva, D. (2024). A proteção da privacidade no processo penal e investigações corporativas: uma análise sobre o monitoramento de smartphones. Revista Brasileira De Ciências Criminais, 186(186). Recuperado de https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/1685

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